Feirão da Empregabilidade Inclusivo disponibiliza 263 vagas para pessoas com deficiência na Capital
Dezenas de pessoas compareceram à sede do Serviço Social do Comércio (Sesc), no Centro, nesta terça-feira (7), para participar de mais um Feirão da Empregabilidade, que disponibilizou 263 vagas no mercado de trabalho, desta vez com foco na política de inclusão. Na ocasião, também ocorreu o lançamento do edital de microcrédito social ‘Eu Posso’ exclusivo para pessoas com deficiência. A iniciativa é da Prefeitura de João Pessoa, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Trabalho (Sedest), em comemoração aos 50 anos de atuação do Sistema Nacional de Emprego (Sine).
“Celebramos os 50 anos do Sine, uma entidade que em todo o Brasil tem um papel importante na intermediação de mão de obra. Em comemoração a esse momento resolvemos fazer um feirão com foco na inclusão, na cidadania, no respeito às diferenças. Hoje, propiciamos esse match entre as vagas disponíveis no mercado de trabalho com os candidatos a essas vagas. Tivemos 15 empresas presentes ofertando 263 vagas, portanto, esperamos que as pessoas já saiam daqui empregadas”, destacou Bruno Farias, secretário de Desenvolvimento Econômico e Trabalho da Capital.
Nesta edição, o Feirão da Empregabilidade contou com um espaço acessível com intérprete de Libras e suporte especializado para pessoas com outras deficiências. Além das vagas de emprego, foram disponibilizadas orientações sobre direitos e qualificação profissional aos participantes.
“Não tinha como a gente comemorar uma política pública tão importante, que traz dignidade para a pessoa humana e trabalho, sem trazer esse público que está tão à margem da sociedade, que, ainda, tem tantas dificuldades de se colocar no mercado de trabalho. Estamos muito felizes, muito satisfeitos. O público veio e as empresas também, e a gente consegue cumprir o nosso papel social para fazer essa intermediação”, disse Jessyka Barros, coordenadora do Sine-JP.
Para Marina dos Santos, que é deficiente visual e presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa com Deficiência, a realização do evento é um avanço. “Esse evento é de extrema importância para as pessoas com deficiência, exatamente pela oportunidade deles se inserirem no mercado de trabalho, se incluir como pessoa, como cidadão. As empresas precisam contratar por acreditar na capacidade da pessoa com deficiência, não só pela legalidade. É importante a lei porque ela nos dá o direito legal, mas o objetivo maior é acreditar que a pessoa com deficiência tem o potencial, tem capacidade”, frisou.
Eu Posso Inclusão – O evento também contou com o lançamento do edital de uma linha especial de microcrédito, o ‘Eu Posso Inclusão’, destinado a pessoas com deficiência e seus parentes em até segundo grau, em linha reta ou colateral. “Se esse público quiser investir, abrir um negócio ou se já tiver um negócio e quiser impulsioná-lo, pode ter acesso a essa linha de crédito com condições especiais. Elas podem ter acesso a R$ 10 mil para pessoas físicas e até R$ 20 mil para pessoas jurídicas”, destacou Bruno Farias.
Segundo ele, o edital ficará aberto até o dia 15 de novembro. “As pessoas podem procurar a Coordenadoria Especial da Pessoa com Deficiência na Prefeitura de João Pessoa que no local eles irão fazer toda a filtragem e encaminhamento para a Sedest”, disse. “Nós estamos estendendo essa linha de crédito para os parentes mais próximos, porque entendemos que essas pessoas sacrificam, muitas vezes, o seu viver em função do cuidado, do zelo, da atenção com parentes deficientes”, complementou o secretário.
Empresas e público agradecem – Carlos Antônio e Ellen Santiago são recrutadores de uma das empresas convidadas a participar do Feirão. Segundo eles, a empresa está preparada para absorver PCDs. “Nós estamos oferecendo 40 vagas em funções diversas como auxiliar de depósito, operador de caixa, apoio de caixa, atendente de loja, vendedor, separador de e-commerce para pessoas com nível fundamental ou ensino médio incompleto, maiores de 18 anos”, frisou Ellen Santiago, analista de Recursos Humanos.
Uma das pessoas que foi em busca de uma dessas oportunidades foi Diego Silva, de 32 anos, cadeirante há 17 anos. “Eu já trabalhei com marketing e com atendente de caixa e várias outras funções. Atualmente, estou em busca de um emprego na área de telemarketing. Minha expectativa para hoje é ótima, espero sair daqui já com um trabalho”, salientou.
Luzia Neida, 43 anos, deficiente visual, veio ao Feirão da Empregabilidade em busca de ampliar seus horizontes. Ela já trabalhou como telefonista e atualmente trabalha com atendimento ao público. “Vim galgar novas oportunidades, porque o mercado precisa compreender que as pessoas com deficiência visual também são capazes. Estou muito otimista e espero que dê certo”, disse.
Eliane Mesquita, de 52 anos, tem experiência como costureira industrial, auxiliar de limpeza e auxiliar de produção. Ela veio participar do Feirão na condição de reabilitada pelo INSS. Ela está nessa condição há doze anos, após desenvolver uma lesão no braço durante seu trabalho como costureira. “Após um período voltei a trabalhar na mesma fábrica, porém, em outra função. A fábrica fechou e tive outras experiências. Atualmente, estou recebendo o seguro-desemprego, mas se conseguir uma vaga prefiro trabalhar”, garantiu.
Dados nacionais – Sete em cada 10 pessoas com deficiência estão fora do mercado de trabalho no Brasil. Uma pesquisa do IBGE mostra que apenas 26,6% das pessoas com deficiência estavam empregadas no fim de 2022 e mais da metade trabalhavam na informalidade. Os números do IBGE mostram ainda a diferença no salário. A renda média dos trabalhadores com deficiência é de R$ 1.860, até 30% menor que a média brasileira.